segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Fui Ser Feliz, não tem hora para Voltar ...

A claridade esboça os primeiros traços da manhã que apontam ainda distante. O nascer do sol faz seu número em uma apresentação impecável e o novo dia se exibe com uma delicadeza clássica.

A forma azul da manhã contrasta com a grama verde de aroma fresco, que insiste em fazer cócegas na sola do pé, que descalços segue esmagando uma pequena trilha.
Por meio minuto lembrei-me de você. Fechei a porta sem consentir alguns rastros e esqueci de rascunhar pequenas palavras tortas e jogá-las ao lado do abajur antigo, cor de pêssego, apenas anunciando a você minha ausência.
E antes que você abra os olhos e encontre pela casa apenas o cítrico aroma de um velho perfume meu, eu só quero te avisar que hoje não volto para o café da manhã. E amanhã no jantar, minha ausência será sua convidada de honra. Não volto mais nem para uma xícara de chá. Não sinta minha falta ou poderá estragar tudo.
Sem medir a dimensão das consequências e a peso das normas, saltei por ruas desconhecidas em contramão aos passos apressados da poeira.
A ousadia, em um grito de ânsia, insistiu em segui-la pela cegueira de algumas ruas.
Sem pensar, experimentei sorrir além de uma mera programação e dar asas ao momento como se não houvesse fronteiras.
Então, trocamos confidências e achamos graça das luzes apagadas enquanto todos dormiam. E no fim da noite, ao ruído de algumas palavras doces, brindamos o futuro.
Agora, pela manhã, deixo tudo.
Estou indo embora e levo-a comigo. Ela, a quem posso chamar de felicidade.
E pensando bem, "Fui ser feliz", talvez fosse um belo rascunho para você encontrar depositado ao lado do abajur.

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