terça-feira, 22 de março de 2011

Parece que muito já foi percorrido. Devido a essas pegadas deixadas lá atrás e a essas cicatrizes, jamais esquecidas, aqui dentro. Apenas parece, a verdade não é essa, o caminho ainda é longo, a preguiça ainda me tenta, o cansaço sempre me avisa. Passo por momentos onde o sentimento fica em choque e não consigo indentificá-lo. Uma mistura tão indecifrável que me sinto como uma cobaia por senti-la. Os outros não a entendem, eu não a entendo e se quer consigo exprimi-la, apenas a sinto. Quando o momento não é bom o suficiente pra que se diga alegre, é preciso traçar um objetivo, olhar para ele fixamente e ir. De momento queria enterrar o sentimento e fugir. Deixá-lo em um terreno baldio, escapulir dali. Não lembrar dele mais e se o corpo ousar em senti-lo, que os glóbulos brancos façam o serviço e o eliminem.
Perder já faz parte da minha rotina e nem mais sinto sede de vitória, só queria sorrir sem peso na alma, levar a vida com sossego. Tudo que me deixa, de certa forma me leva. São pedaços meus que se dissipam e o corpo não sabe recompor. Se faz necessário que eu saia sempre em busca do que preencha meu vazio, essa cratera, burraco negro que nunca finda; sempre inqueita. Eu abri o meu armário, eu olhei dentro dos bolsos, vasculhei dentro das bolsas. Procurei embaixo da cama e olhei pela janela. Remexi em algumas gavetas e estava quase pedindo ajuda. Estranhamente, percebi que às vezes você perde algumas coisas e enquanto as procura, acaba achando as que sempre estiveram lá. De repente, elas são as que mais valem a pena. E foi ai que eu vi como tenho pessoas maravilhosas do meu lado, essas sim, fazem parte da minha sorte original. São como uma benção, um presente que já estava aqui, no mundo, me esperando chegar. São pessoas que eu encontrei na vida e não quero mais largar. Não acredito no eterno, mas na ternura das pessoas eu ainda levo fé. Sendo que essa minha fé leva tapas, é bombardeada, se segura na corda bamba, fica sempre por um fio, mas por milagre, não finda. Ainda bem que eu chego em casa e minha família por mais doida e chata que consiga ser, me apoia. Por mais que briguemos e que guerras sejam desencadeadas, o amor que eles me dão é surreal. A preocupação, cuidado e carinho que deles recebo, deveria me bastar; só não me é suficiente porque eu procuro outros tipos de amor. Eu quero todos os tipos e formas de amar pra mim, de tanto que gosto do amor. O injusto é a gente acabar se machucando por quem não se importa; injusto que pessoas que tem sentimentos, sofram justamente por tê-los, enquanto os que não tem, conseguem viver suas vidas sem morrer aos poucos. Indiferença, frieza. Não trocaria minhas lágrimas por um sorriso sarcástico, sempre gostei de fazer parte da turma do bem, mesmo possuindo desejos assassinos vezenquando. Se a gente tem coração, ele pode ser partido. Entre tê-lo e não, eu decido por correr o risco. Quebrar a cara quantas vezes for preciso, porque deveria ser lei que no fim a gente é recompensado. Ah devia! E eu não sei quantas vezes um coração pode ser quebrado, mas do jeito que eu ando, posso até quebrar o recorde. Se as pessoas preferem se adaptar a ideia de não se importar mais e não acreditar em ninguém, tudo bem, por enquanto seguirei a minha escolha esperando não ter que mudar para essa. Claro que a gente se engana com as pessoas; todo ser humano tem seu lado ruim, o que estraga é quando a parte escura não nos deixa ver a parte branca. Repetirei mil vezes se for preciso que eu não acredito em príncipes encantados, mas no amor eu voto, como Romântica praticamente e eterna apaixonada. Também afirmo que a palavra mais ridícula, irreal e falsa do dicionário, é perfeito. Não vivo em contos de fada e fujo da realidade sim, mas com a cabeça, onde não pago passagem e em um sonho tolo posso atrever-me e brincar de ser feliz. Ingênua, pode rir de mim. Me ache tola por eu ser assim, mas por mais que me decepcionem, não quero mudar não. Sou uma pessoa que sente, que se importa, com sentimentos. Sou uma pessoa da alma, atingível, capaz de ser ferida. Deve ser isso, quem tem alma sente, entra em contato, vive nesse mundo onde o interno pode ser tocado. Talvez sejamos muito jovens pra lidar com sentimentos tão intensos, pode ser que seja preciso experiência e a força que vem com o tempo pra lidar com sentimentos tão pesados. Nessa fase a gente vive na loucura, sente tudo na pele, não modera na intensidade, é pura adrenalina. Namoro comigo há quase 27 anos; nunca me deixei, sempre voltei pra mim mesmo mudando minha alma de lar. Já assoprei nas minhas feridas, já sequei minhas próprias lágrimas e acreditei em mim mesma, pra não me deixar sozinha. Já me trai - confesso que me traio com frequência - menti pra mim mesma e me contradisse, até que aceitei minha condição de maluca que não serve pra exemplo nenhum. Quando a gente aprende, pega a prática, resolver as coisas fica mais fácil.
 Tenho dentro do peito um amor dolorido e com o tempo desgastado. Será melhor parar de ver o que foi perdido e me encantar com o que está pra ser achado. Não se interessar mais se faz sentido, desde que seja engraçado. Não olhar para os erros cometidos e nem me prender ao passado. Sempre sabendo que há muito pra ser vivido, sofrido, perdido e resgatado.
Admito que existem muitas coisas que eu não tenho, mas elas não fazem a falta que as coisas que eu tenho e posso perder irão fazer. Parei de procurar e fiquei a postos pra ser encontrada. Percebi que não sou tão oca assim, que muito já tenho, já conquistei. Tenho uma caixinha onde as lembranças ficam guardadas, lá coloquei minhas dores, tristezas e risadas. Deixei lágrimas e piadas sem graça, micos e mancadas. Apaguei mensagens, registros, não quero mais nada velho. Meu passado é tão grandioso que ocupa o espaço dos outros tempos da minha vida. Necessito de espaço para o novo. Já avisei: coisas novas, eu estou em busca, a procura, a espera. Eu as quero. Guardei os abraços e as despedidas, guardei os momentos em família e os com as amigas. Guardei comemorações e algumas brigas, guardei só o que queria que não virasse memória perdida.
O que pensar me dói, joguei fora, vou me centrar agora só no que eu já tenho, no que está por vir, no meu agora.



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